Paranapanema!
Paraná, rio grande. Panema, sem peixes,
Sem peixes? Isto é que não!
Correndo jovem por entre as velhas,
Águas novas por rochas idosas.
Rochas do tempo da primeira vida.
Água de agora chuva chovida.
Engraçado começar no velho e acabar no novo,
Mas, aqui é assim, tantos começos,
Sempre tão altos, sempre bonitos e até seus nomes.
Itapetininga é laje seca, Guapiara é ouro na serra,
Taquari é bambuzinho, Itararé é pedra que o rio cavou,
Jaguariava é rio da onça brava, Tibagi é rio com cachoeira.
Tudo isto formando o grande rio sem peixe.
Sem peixe? Isto é que não.
Suas águas, adolescentes, cortam agora rochas menos velhas,
do tempo dos primeiros peixes,
no espaço dos primeiros pousos,
daqueles loucos que suas águas desceram por primeiro
E de suas águas brancas em saltos e cachoeiras.
Aproximam-se as vilas primordiais e em seu ímpeto juvenil,
de rio criança, que gosta de cortar, de rasgar,
já vem se juntando as onças bravas com os bambuzinhos. E ele crescendo.
Paraná rio grande, Panema sem peixe
Sem peixe? Isto é que não!
Grandão, fortão, irriga, enfeita, encanta.
Águas transparentes alimentam o Guarani.
Não aquele que o habitou por tantos tempos,
mas aquele que do povo a sede mata.
E água forte, corta as rochas que um dia vermelho foram,
do fogo interno da terra,
e agora vermelho são, dos solos que alimentam.
Mas, como tudo nesta terra estão controladas na sua maturidade
Pelos homens que de energia precisam
Agora o Paraná rio grande está controlado,
Aliás, como todos os de idade madura
que se submetem ao jugo do trabalho.
Paraná rio grande, Panema sem peixe
Sem peixe? Isto é que não!
Tão limpo nas terras vermelhas de sul Paraná e norte São Paulo,
Recebe as águas vermelhas das terras usadas
E de translúcido, em pardo se torna.
Banhando os corpos, molhando a terra e criando os peixes.
Criando história de amores,
criando riquezas que da terra saem,
que pro oriente vão
Mas, eletrizando o Brasil.
E suas águas descem sem ímpeto,
Agora mais velho, mais lento,
cortando as rochas dos dinossauros,
banhando longas planícies de bois.
Saiu da mata e entrou no cerrado.
Aquietou a correria, ficou domado.
Já velhinho, mas ainda enérgico,
ainda dá à luz.
Encantando, fertilizando, alimentando, dessedentando,
vai se juntar ao grande rio Paraná
E ele, Paranapanema.
Paraná rio grande, Panema sem peixe
Sem peixe? Isto é que não!!!!!
E por nós,
Sempre com peixe.
Emílio Carlos Prandi
Uma homenagem ao Rio Paranapanema